Livremente baseado em história real, filme nacional apresenta história de idosa que acabou com esquema de tráfico de drogas.
O ano começou com grandes lançamentos nacionais nos cinemas. Produções como Baby, Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, Kasa Branca e Oeste Outra Vez, o público que adora cinema tem aproveitado para experienciar toda a versatilidade da sétima arte feita no Brasil. Entre estas estreias está Vitória, novo filme de Fernanda Montenegro – e já um fenômeno nas telonas.
Com 4,7 milhões de reais arrecadados em menos de uma semana em cartaz, o longa de Andrucha Waddington apresenta um caso real inicialmente envolto em polêmicas. A base para a trama é a história de Joana da Paz, uma mulher que acabou com uma quadrilha de traficantes, políticos e policiais com gravações feitas a partir da janela do seu apartamento.
A Vitória “da vida real” era uma mulher negra e, por isso, parte da audiência ficou contrariada ao vê-la sendo interpretada por uma atriz branca. No entanto, dois pontos podem acabar com esta questão.
Primeiramente, a identidade de Joana foi revelada apenas após sua morte, devido ao programa de proteção a testemunhas no qual foi submetida após a abertura dos processos e mais de 30 prisões realizadas através de suas provas gravadas. Além disso, houve um cuidado para que os personagens se distanciassem ao máximo das figuras reais. Em segundo lugar, a idosa sonhava em ver Fernanda Montenegro como sua versão cinematográfica.

Joana já sabia da existência da adaptação de sua história, já que as negociações para a produção de um filme começaram há 20 anos, em 2005. Em entrevista ao Splash, o jornalista Fábio Gusmão, que a auxiliou na denúncia contra o esquema de corrupção, revelou o entusiasmo da alagoana sobre a possibilidade de ser interpretada pela atriz indicada ao Oscar.
“Ela dizia: ‘imagina se a Fernanda Montenegro fizer o meu papel, acho ela extraordinária! Merecia ter ganho o Oscar’. Ela lembrava de Central do Brasil e repetia sobre isso, porque ficava muito eufórica”, contou o comunicador ao portal. Segundo ele, Dona Vitória, como ficou conhecida posteriormente, ficou extremamente feliz após a escalação da artista como sua intérprete.
Quando Joana faleceu, em fevereiro de 2023, sua identidade se tornou pública. Segundo Gusmão, em matéria publicada no jornal O Globo na época, ela desejava há anos ter o reconhecimento por seus feitos no combate ao tráfico de drogas.
“Forjada em coragem, Joana da Paz (como é bom escrever sem medo…) se irritava por ser obrigada a viver escondida. Queria o merecido crédito de quem abdicou de uma vida construída com muito esforço, enfrentando a violência desde criança”, escreveu Fábio após o falecimento da idosa.
Fonte: Eu Adoro Cinema
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